Em toda história da civilização temos a imagem do morador de rua, do pedinte, em diferentes contextos e épocas. Este é o reflexo de uma sociedade que não conseguiu evoluir para uma organização social que ofertasse condições mais equitativas entre seus membros, aliás, estamos bem longe disso. Ao longo de toda história construímos o preconceito, o estigma, a falsa compreensão de quem são e como vivem as pessoas que moram na rua. Corroborado com uma estrutura de construção dos saberes de forma classificatória, que determinam o que é “normal”, assim são estabelecidos padrões de como as pessoas devem ser, como devem agir e, sobretudo, não suportamos a possibilidade daquelas vidas que não são capazes de reproduzir e responder à ideia de acúmulo material e consumo desenfreado no qual estamos submersos.

A população de rua não deve ser definida de uma única forma, ela é diversa e multifacetada, composta de muitas pessoas diferentes, homens, mulheres, crianças, adolescentes, jovens, adultos e velhos, analfabetos, letrados, graduados, trabalhadores, filhos, pais, mães, avós, negros, brancos, amarelos e vermelhos, cada um com sua história, relações constituídas, atitudes, gostos, seus sentimentos e seus defeitos.

A população de rua ocupa não só a rua, mas todos os espaços possíveis de uma cidade, sobretudo, daquelas onde não são expulsos. Alguns espaços privados e públicos são ruas, praças, estradas, calçadas, pontes, travessias, vielas, enfim, eles são pessoas que ocupam a cidade, que caminham, transitam, se deslocam na cidade, entre as cidades, estados e até países, vão e vem em busca de melhores condições, para fugir, para encontrar e reencontrar amigos, familiares, as vezes a si próprios, saem em busca de perspectivas, sonhos e desilusões. São ocupantes dos espaços e driblam as dificuldades como podem, aprendem a vida da rua com códigos particulares e signos próprios, reinventam a vida social e os seus valores, aqueles que valem a pena ser seguidos. Buscam a sobrevivência, a potência de vida em cada possibilidade que se mostra a frente, essa vida é permeada de humilhação, encontros, mundos paralelos, desvalorização, fuga, aprendizagens, sofrimentos, alegrias…

Aprender a viver nas ruas é uma arte. Por isso vale a pena conhecer estes artistas de rua!

 

Carla Silva

Agosto de 2012

Uma resposta »

  1. Parabéns para todas as pessoas que lutam por uma sociedade melhor, justa e igualitária.

    Para quem não sabe. Todos os domingos, às 9 horas da manhã, há um Café da Manhã para a população de rua, andarilhos, artistas etc. O Café é servido na praça em frente à bela Catedral.

    Eles e elas precisam de roupas, material de higiene pessoal (sabonetes, pastas para escovar os dentes etc.).

    O Centro POP tem parcerias com as Universidades de São Carlos, USP, UFSCar, UNICEP?

  2. O que posso dizer? agradecer voceis pela iniciativa principalmente quando vem d e jovens de uma univesidade como a Ufscar na humildade e na esperança que gerem muitos frutos Gil rosa

  3. Super 10! Parabéns pelo texto! Realmente são pessoas que não deveriam ser tratadas como são. Infelizmente muitos não entendem o que eles passam e nem sequer querem saber isso. (‘-_-) Que mais iniciativas de auxílio a eles surjam!

  4. Uma das melhores amigas que eu tenho nesta vida é catadora. Anda pelas ruas com seu chapeu de palha e sempre leva consigo sua cachorrinha, a Bela. Já aprendi com ela tantas coisas! Ainda há pessoas que a discriminam, que se incomodam quando ela se aproxima com a carroça lotada de sacos e papelão empilhados … não sabem a riqueza de vida que ali está.
    Que bela surpresa este blog !!!!! Parabéns pela iniciativa !!!!!

    • Mariangela, que bom que está gostando do blog…

      Estamos na luta para construir “um outro olhar ” para as pessoas que estão em situação de rua e/ou são catadoras… Vamos seguir lutando!

      Comente sempre que quiser. Será um prazer!

      Convide sua amiga a participar também do blog!

      Abraços!

  5. Ei galera, parabéns pela iniciativa!! Afinal toda tentativa de melhorias é valida, e não é fácil… parabéns tb pra galera da rua, que são os artista em foco ai!

  6. Divino…. Adorei, é sempre muito bom agente procurar saber o que algo ou alguém tem de bom à oferecer que nos contribua com aprendizagem… E viver nas ruas, é algo que pode ser literalmente considerado uma arte, das melhores ainda… simplesmente pelo fato de ser ao vivo 24hs, sem ao menos permitir um ensaio, ou preparo do tipo…
    Aproveitando a deixa, quem puder, dê uma olhada no trabalho dos GATOS DE RUA… é fantástico… deslumbrante …
    Saudações… Yanê

  7. Muito, bom o texto de apresentação.
    Parabéns a tod@s que participam desta grande e importante iniciativa.
    Estou na expectativa da exposição. Força a Tod@s que participam, moradoras e moradores de rua, trabalhadoras e trabalhadores e ao pessoal do do projeto (Talentos pop).

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